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O Implante Coclear é irreversível?

Bisturi. Carne cortando. Sangue escorrendo. Agulhas. Que nervoso imaginar isso acontecendo com a nossa cabeça, não? É isso que acontece na cirurgia do implante coclear. E, por esse medo de cirurgia, rolam muitos boatos, no mínimo, extravagantes. Alguns dizem que a cirurgia nos retarda mentalmente. Outros, que há uma chance de morrer. E, pior ainda, que não podemos ser ressuscitados com desfibrilador. Devo ressaltar que nunca houve um caso de morte ou de sequela mental pela inserção do aparelho, mas o mito que mais prevalece é de que o implante coclear é irreversível, ou seja, uma vez feito, o deficiente auditivo usará o mesmo aparelho até o fim da sua vida. Se surgir algo melhor, ele não poderá trocar. Infelizmente, esse boato afeta a vida de muitos surdos. Inclusive a minha, que foi bastante afetada.





Primeiramente, a cirurgia evoluiu e já possui menos chance desse "efeito colateral", de acordo com a minha fonoaudióloga. Mesmo se fosse irreversível, a melhor opção, no meu caso, ainda é o Implante. Para explicar o porquê, terei que dividir o post em dois: um para o motivo tecnológico e outro mais pessoal.



Tecnologia


Existem duas coisas que preciso esclarecer: hardware e software. Hardware se trata de peças, tais como microfone, engrenagem, carcaça, tudo que é físico, que podemos tocar. Software se trata de sistema, o qual é interno, mas que pode ter atualizações ao decorrer do tempo. O aparelho auditivo comum só utiliza hardware, ou seja, nunca há melhorias, a não ser que compremos outro (o que não é barato). O IC (Implante Coclear) utiliza somente o software para seu funcionamento. As peças são utilizadas para guardar o sistema somente. Quando houver uma melhoria, não precisaremos trocar de modelo, simplesmente vamos à clínica e atualizamos o sistema. Todo ano sempre há uma melhora. Nesse quesito, o software vence por ser mais fácil, pois não gasta tanto recurso quanto o hardware, já que este precisa investir mais com peças, sendo mais caro.


Pessoal

Agora o motivo pessoal, mais simples e fácil de explicar: supondo que seja mesmo irreversível, o aparelho comum está extremamente inferior ao IC. Se surgir um aparelho muito mais potente, o que é uma chance mínima com a tecnologia e o conhecimento atual, levará décadas. Não é exagero. Então a melhor opção é atrasar nossa vida por mais de 10 anos para uma oportunidade melhor? Lembre-se: são pessoas com perda auditiva profunda. No meu caso, com 20 anos e um só implante, não consigo cursar uma faculdade e não posso trabalhar em qualquer lugar (não entro em detalhes porque o post já está longo, então o assunto fica pra próxima). Vale mesmo a pena esperar por tempo indeterminado para poder escutar melhor? Colocando o segundo IC agora, tenho a chance de me formar, ter um bom trabalho e ser bem sucedido antes dos 30 ou 40. 

Escolhi não adiar minha vida pelas próximas décadas. Se você tem a chance de ter seu momento agora, não a desperdice. 

Infelizmente, tem muita gente que não pensa no bem que o segundo implante traz. O máximo que falam é "Pô, legal, mas é irreversível, né? Eu não faria". Isso me lembra muito uma frase que eu li e nunca esqueci. Sem querer usar tal frase pra ofender, é somente porque eu gosto e concordo muito:



"É fácil não dar a muleta para os outros quando você tem as duas pernas funcionando bem"





Atualização: com as mudanças na medicina, minha surdez foi diagnosticada no laudo médico como "surdez neurossensorial bilateral profunda sem adaptação à prótese convencional". Ou seja: não sou indicado para utilização dos aparelhos convencionais!


Espero que tenham gostado. Até a próxima!


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